quinta-feira, março 02, 2006

FOI UM DESPERDÍCIO, E UM CRIME

O crime foi gastar dinheiro público para entregar o negócio a privados.

Com aumentos de 56% também a CP seria rentável e fazia melhor serviço.

E não foram só os empreiteiros que ganharam, também a Comissão Executiva e os autarcas. Até se deram a si próprios prémios e não foi pouco.

Alguns jornalistas têm sempre que reverenciar alguém, e quando não existe, inventam, neste caso inventaram um presidente para a CULP.

Pode ler entrevista à agência LUSA n 'O Primeiro de Janeiro' (texto abaixo) ou na RTP online

- - - - -

Comissão de Utentes da Linha da Póvoa criticam Metro Ligação à Póvoa “foi um desperdício”

Um desperdício. É assim que o presidente da Comissão de Utentes da Linha da Póvoa classifica os 252 milhões de euros gastos para levar o metro de superfície até à Póvoa de Varzim. Segundo Armando Herculano, teria sido mais bem empregue na ligação a Gondomar.

O presidente da Comissão de Utentes da Linha da Póvoa (CULP), Armando Herculano, considerou ontem que a substituição do comboio pelo metro na ligação Porto/Póvoa representou um “desperdício” de 252 milhões de euros.


“Tivemos quatro anos de sacrifício, com recurso a transportes rodoviários alternativos enquanto se faziam as obras, e o resultado traduz-se em viagens mais caras e mais demoradas”, disse o dirigente da CULP, que reclama representar três mil utentes diários do transporte público entre Póvoa de Varzim e Porto.

“Foi um desperdício de dinheiro. Se alguém ganhou com isto foram os empreiteiros”, acrescentou.

A empresa Metro do Porto inicia a 18 de Março a exploração de uma linha entre a rede já existente, na Senhora da Hora, e Póvoa de Varzim, com 24 quilómetros e 21 estações, e que custou 252 milhões de euros, incluindo 16 por cento para expropriações e 22 por cento para obras de inserção urbana.

“Nunca pedimos o metro. Bastava-nos que aplicassem um projecto da CP de 1989, que apontava para a duplicação da linha de comboio e que permitia uma efectiva redução do tempo de viagem”, disse Armando Herculano, preconizando que a prioridade devia dirigir-se para a Gondomar, com 40 mil habitantes a deslocarem-se diariamente para o Porto de autocarro.

Um estudo comparativo comboio/metro, elaborado pela própria CULP, indica que os utentes da linha da Póvoa vêem a sua despesa mensal de transportes passar de 29,5 para 46,25 euros (mais 56,8 por cento).

O sistema de bilhetes do metro não contempla passes sociais, pelo que para idosos e estudantes o agravamento dos custos mensais é de 96 por cento (de 14,8 para 46,25 euros). O presidente executivo da Metro do Porto, Oliveira Marques, anunciou entretanto que vai propor um tarifário social que aponta para descontos de 47 por cento para reformados e de 25 por cento para estudantes.

O estudo comparativo da CULP refere também que a viagem Porto/Póvoa pode demorar 71 minutos, mais 18 minutos do que a deslocação em comboio, reduzindo-se assim a velocidade comercial de 37,4 para 28 quilómetros horários.

Na sequência desse estudo, a empresa Metro do Porto decidiu já que a linha Porto/Póvoa terá também composições directas, apenas com paragem em Pedras Rubras e Vila do Conde, reduzindo o tempo de viagem em dez minutos, explicou Armando Herculano. Ainda assim, o metro será mais lento do que o comboio,assinalou.

-----------------------------------

Compra

Os Tram-train

Segundo a empresa de Metro, está “em vias de ser adjudicada” a compra de 30 veículos mais rápidos, do tipo “Tram-train”, que atingirão os 100 quilómetros horários, mais 20 quilómetros do que as actuais composições “Eurotram”.

O primeiro concurso para a compra destas 30 carruagens foi anulado pela Metro do Porto, que resolveu lançar novo concurso, ganho pela empresa Bombardier.

O presidente da CULP contrapôs, contudo, que não tem informações sobre a cobertura orçamental para a compra destas carruagens.

Armando Herculano admitiu que estas novas carruagens representariam “alguma melhoria” face às composições “Eurotram”, “ainda assim abaixo do nível de conforto proporcionado pelos comboios”.



O Primeiro de Janeiro 02 de Março de 2006

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia,

Parabéns pelo blog e dinamismo demonstrados.

Acho que vamos ter este mesmo filme de milhões euros trocados por meia-duzia de minutos com a ligação TGV Porto/Lisboa....

Pedro

Anónimo disse...

"pelo que para idosos e estudantes o agravamento dos custos mensais é de 96 por cento (de 14,8 para 46,25 euros)"

Desculpem lá mas de 14,8 para 46,25 é um agravamento de 212,5%!

. disse...

Tem razão quanto ao erro de cálculo do agravamento do passe para estudante.

46,25/14,8 = 3,125 ou seja, 3,125-1 = 2,125 corresponde a um agravamento de 212,5%

entretanto está anunciada a implementação de passes sociais, no caso dos estudantes para Z6 será de 34,7€. O agravamento será nesse caso, de

34,7/14,8 = 2,34 ou seja, 2,34 -1 = 1,34 corresponde a 134% de agravamento.

Em qualquer dos casos o agravamento é descomunal, não tem contrapartida na melhoria do serviço, antes pelo contrário, e é implementado numa altura de crise económica, de um recorde de desemprego e quando os aumentos do sector público e privado ronda os 1,5%.

Quem é penalizado não é quem tem rendimento para andar de transporte individual mas aqueles cujo rendimento é menor, que já faz contas aos cêntimos para pagar os livros e o quarto dos seus filhos estudantes, ou seja, os mesmos do costume, aqueles que vão ver agravado a taxa moderadora do acesso à saúde, etc.

Obrigado pela sua atenção e ajuda.